Há um "novo" Estádio Universitário do Porto ao serviço da cidade
Relvados verdes no que eram campos de ervas daninhas, cadeiras brancas no lugar de bancadas de cimento a cair aos pedaços, balneários e pavilhões renovados, e dois novos edifícios com vista para um futuro recheado de conquistas. 71 anos depois da sua inauguração, é um “novo” Estádio Universitário aquele que se apresenta agora à cidade, fruto de uma extensa reabilitação liderada pela Universidade do Porto e que permitiu “devolver” à cidade um dos mais icónicos espaços desportivos da Invicta.
“Este é, com efeito, um novo Estádio Universitário, resultado de um moroso processo de resgate da gestão deste espaço e de um ambicioso plano de renascimento e requalificação de um equipamento histórico que queremos ao serviço da comunidade académica e da cidade, dos cidadãos da área metropolitana e das suas associações desportivas”, começou por destacar o Reitor da U.Porto,António de Sousa Pereira, na cerimónia que assinalou ainauguração da segunda fase de reabilitação do Estádio Universitário Jayme Rios de Souza, que decorreu no passado dia 22 de novembro.
Orçada em 3,4 milhões de euros, a segunda fase da “segunda vida” do Estádio incluiu a recuperação da bancada com capacidade para mais de 500 lugares, dos balneários e vestiários, bem como a construção de dois novos edifícios – um que serve agora de sede do Centro de Desporto da Universidade do Porto (CDUP) e outro de apoio a todo o complexo – e a substituição total do piso das duas naves do Pavilhão Galvão Telles.
Com esta intervenção, completa-se assim um “processo levado a cabo única e exclusivamente com verbas da Universidade do Porto” e que permitiu, nas suas diferentes fases (ver descrição abaixo), “devolver” o Estádio Universitário à cidade, apostando, para isso, numa “lógica de funcionamento totalmente aberta ao usufruto dos estudantes, funcionários, professores e investigadores da Universidade do Porto, mas também, e sobretudo, à comunidade”.
“Investimos, para tal,sete milhões de eurosna concretização de um plano que prevê um investimento total de cerca de 14 milhões e que visa dotar os três campus da Universidade do Porto de condições para a prática desportiva regular, avançou o Reitor.
Metade do trabalho está feito, mas…
… “Queremos fazer ainda mais e, para tal, pretendemos também poder contar com o envolvimento e a participação do Estado na concretização do compromisso que assumimos com a promoção de hábitos saudáveis”, advertiu António de Sousa Pereira, perante uma plateia onde se destacava o primeiro ministro, Luís Montenegro, acompanhado pelos ministros dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, que tem a tutela do Desporto, e da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre.
“Perto de onze mil pessoas fazem já hoje desporto nas instalações da U.Porto. Mas queremos que sejam cada vez mais aqueles que nos procuram”, vincou o Reitor, antes de apontar o caminho: “Necessitamos, para isso, de investir mais sete milhões de euros na expansão do programa de desporto para pessoas com necessidades especiais; na recuperação e modernização do complexo desportivo da Boa Hora; na construção de um ginásio no polo da Asprela com capacidade para as diversas áreas do fitness e para desportos de combate; e na ampliação dos pavilhões deste Estádio Universitário, criando áreas de apoio aos estudantes/atletas de alto rendimento”.
Antes de terminar, António de Sousa Pereira lembrou que “dos três estádios universitários existentes em Portugal, apenas o complexo desportivo do Porto não teve qualquer apoio do Estado para as obras de requalificação”. Uma realidade que leva o Reitor da U.Porto a defender a “criação de instrumentos estatais que garantam a manutenção e o reequipamento das infraestruturas académicas de forma equitativa”.
“Uma demonstração de visão que não é muito comum”.
Face ao apelo deixado pelo Reitor, Luís Montenegro começou por revelar-se “surpreendido” com a “descoberta” de que a reabilitação do Estádio Universitário não teve apoio do Estado.
“Estou mesmo agradavelmente surpreendido pelo esforço que aqui foi feito, com receitas próprias, com a definição, com a gestão que é esta grande empreitada da Universidade do Porto e todos os seus desafios de haver espaço para poder conciliar uma revitalização tão imponente como esta”, disse Luís Montenegro.
Já depois de reiterar o “investimento do Governo no Desporto, através do próximo Orçamento de Estado”, o primeiro-ministro reconheceu que “é preciso repartir os recursos que são escassos”. Nesse sentido, apelou à cooperação entre a administração central e a administração local tendo em vista a “proteção do património que permite às pessoas usufruir da possibilidade de praticarem desporto e, neste caso concreto, de uma Universidade que é referência e é hoje uma demonstração de visão que não é muito comum“.
“Este é um momento de alegria e festa para a cidade”, referiu, por sua vez o presidente da Câmara Municipal do Porto face ao que, nas palavras de Rui Moreira, “trata-se de devolver ao Porto um complexo desportivo com pergaminhos históricos, onde várias gerações de estudantes e portuenses praticaram desporto”.
“Com o crescimento do seu parque desportivo, a Universidade do Porto está mais bem capacitada para dinamizar programas de desporto e fomentar a atividade física quer entre a sua comunidade académica, quer junto da população da cidade e da área metropolitana”, sublinhou o autarca.
Um “novo” Estádio para o futuro
Localizado em plena quinta do Campo Alegre, o Estádio Universitário do Porto foi inaugurado no dia 28 de abril de 1953. Uma referência para a prática desportiva de várias gerações de estudantes e atletas, o complexo acabaria por chegar aos primeiros anos do século XXI em estado de quase abandono. Situação que se reverteria a partir de 2013, ano em que a U.Porto reassumiu a gestão do espaço e iniciou – em 2018 – um programa de recuperação dos espaços e equipamentos.
Desse esforço resultou a recuperação e reabertura ao público dos dois pavilhões polidesportivos existentes no complexo, em 2016, bem como o lançamento, em 2019, da primeira fase da reabilitação, centrada na instalação de um novo relvado e de outras infraestruturas de apoio essenciais.
A segunda fase de reabilitação orçada em 3,4 milhões de euros, contemplou a recuperação do edifício da bancada, a reformulação dos balneários e a construção de dois novos edifícios, incluindo a nova sede do CDUP-UP.